Shalom amigos, conforme prometido, a segunda parte da cristologia, tenho certeza que voces vão gostar.
Muitas pessoas, quando ouvem o nome de Jesus Cristo,
supõem que Cristo é o sobrenome de Jesus, assim como Silva, Santos ou Pereira.
Porém, a palavra Cristo, em português, é simplesmente uma transliteração da
palavra grega christos, que foi usada na tradução grega do Antigo
Testamento hebraico para traduzir a palavra Mashiach ou Messias. Assim,
quando ouvimos o nome “Jesus Cristo”, não devemos pensar em Cristo como um
sobrenome, mas como um título. Quando dizemos “Jesus Cristo”, estamos dizendo
“Jesus Messias”.
Saber isso nos ajuda a entender como podemos falar de uma
“cristologia” do Antigo Testamento, apesar de o próprio Jesus Cristo não
aparecer em carne antes dos Evangelhos do Novo Testamento. Podemos falar de uma
cristologia do Antigo Testamento porque ele contém numerosas promessas,
profecias, sombras e tipos que apontam adiante, para a vinda do Messias, para a
vinda do Cristo. Não vamos olhar todos esses textos, mas vamos nos concentrar
em alguns dos mais importantes. Se quisermos compreender quem esse Messias é,
devemos ter alguma compreensão desses textos.
Gênesis 3
O primeiro indício de um tema messiânico no Antigo
Testamento vem nos desdobramentos trágicos da queda. Adão e Eva confiaram na
palavra da serpente ao invés da Palavra de Deus, e a resposta de Deus é rápida.
Depois de confrontar o homem e a mulher, e ambos tentarem transferir a culpa
(Gn 3.8-13), Deus pronuncia seu julgamento em primeiro lugar sobre a serpente,
em seguida, sobre a mulher, e, finalmente, sobre o homem (vv. 14-19). Deus
pronuncia uma maldição sobre a serpente (v. 14), mas no processo de pronunciar
essa maldição, faz uma promessa que dá à humanidade motivo para ter esperança.
A queda do homem resultou na necessidade de redenção divina, uma necessidade de
que Deus imediatamente trata. À serpente ele diz:
“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua
descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o
calcanhar” (v.15).
Este verso tem sido chamado muitas vezes de
“protoevangelho”, ou de primeiro evangelho. É a graça e a misericórdia em meio
à rebelião. Deus promete que haverá uma longa batalha entre o bem e o mal, com
a descendência (ou semente) da mulher finalmente triunfando.
Como o restante do Antigo e Novo Testamentos tornará
claro, esse triunfo chegará através e na pessoa do Messias, Jesus Cristo.
A Aliança
Abraâmica
O fio condutor da história patriarcal (Gn 12-50) são as
graciosas promessas de bênçãos que Deus faz, promessas que são dadas primeiro a
Abraão, depois a Isaque e, por fim, a Jacó.
Nunca é demais enfatizar a importância dessas promessas
para a compreensão do restante da Escritura.
O chamado de Abrão em Gênesis 12.1-9 é um ponto crucial
na história da redenção. Enquanto Gênesis 1-11 concentra-se principalmente nas
terríveis consequências do pecado, as promessas de Deus a Abrão em Gênesis 12
concentram-se na esperança de redenção, da restauração da bênção e da
reconciliação com Deus. Deus vai lidar com o problema do pecado e do mal, e
estabelecerá seu reino na Terra. A forma com que ele fará isso começa a ser
revelada em suas promessas a Abrão.
A seção chave de Gênesis 12.1-9 é o chamado explícito de
Deus a Abrão encontrado nos versos 1-3:
“Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua
parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei
uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!
Abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti
serão benditas todas as famílias da terra”.
O tema do chamado de Deus a Abrão é evidente na repetição
quíntupla dos termos-chave abençoar e bênção. O pecado do homem resultou na
maldição divina (Gn 3.14,17; 4.11; 5.29; 9.25), mas aqui Deus promete formar um
povo para si e restaurar seus propósitos originais de bênção para a humanidade
(cf. Gn 1.28). Abrão será de alguma forma o mediador dessa bênção restaurada.
O chamado de Deus a Abrão contém quatro promessas
básicas: (1) descendência, (2) terra, (3) a bênção do próprio Abrão e (4) a
benção das nações através de Abrão. A promessa de bênção às nações da terra é
fundamental. A bênção de todas as famílias da terra é o propósito principal por
trás do chamado de Deus a Abrão. Sua vocação e as promessas que lhe são dadas
não são um fim em si mesmas. A Abrão são prometidas descendência, uma terra e
bênção pessoal a fim de que ele possa ser o mediador da bênção de Deus a todas
as famílias da terra.
Como o restante do Antigo Testamento tornará claro, esta
bênção virá através do estabelecimento do reino de Deus, sob o Messias de Deus.
Gênesis 49
Ao se aproximar de sua morte, Jacó chama seus filhos para
junto de si para anunciar suas últimas palavras a respeito deles (Gn 49). Jacó
diz a seus filhos, neste momento: “Ajuntai-vos, e eu vos farei saber o que vos
há de acontecer nos dias vindouros” (v. 1). O significado do termo “dias
vindouros” ou “últimos dias” (cf. Nm 24.14), deve ser determinado pelo seu
contexto. Em geral, ele fala de um tempo futuro indeterminado. Jacó fala com
todos os seus filhos, mas suas palavras para Judá são as mais significativas
para a cristologia do Antigo Testamento.As palavras de Jacó para Judá antecipam
a ascensão do rei davídico, e muito mais.
Em Gênesis 49.10, Jacó diz: “O cetro não se arredará de
Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló; e a ele obedecerão os
povos”. Este versículo é considerado por alguns como a primeira profecia
messiânica explícita no Antigo Testamento. A tradução precisa das palavras “até
que venha Siló” é debatida por causa da ambiguidade do hebraico, mas há um
consenso geral de que a profecia está apontando para o surgimento da monarquia
davídica.
O ponto principal das palavras de Jacó a Judá é que o
cetro, um símbolo da realeza, pertenceria à tribo de Judá até que viesse aquele
a quem realmente pertence a posição real.
No Antigo Testamento, esta profecia é inicialmente
cumprida por Davi. No Novo Testamento, ela é total e finalmente cumprida por
Jesus Cristo, filho de Davi e Leão da tribo de Judá (cf. Mt 1.1; Ap 5.5).
Êxodo
Em sua primeira epístola aos Coríntios, o apóstolo Paulo
diz aos seus leitores que “Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado” (1Co
5.7). Nós encontramos o pano de fundo para essa expressão no livro do Êxodo. Em
Êxodo 12, Deus dá a Moisés as instruções para a cerimônia da Páscoa, que
distinguirá Israel do Egito. Deus diz a Moisés que esse mês seria agora o
primeiro mês do ano para Israel (v. 2). Essa noite celebrará o nascimento de
Israel como uma nação.
Cada família deve tomar um cordeiro sem defeito e
mantê-lo até o dia catorze do mês, quando então deve ser imolado (v. 3-6). O
sangue do cordeiro deve então ser colocado nos umbrais e na verga da porta das
casas, e as famílias das casas devem comer a carne do cordeiro assada (v.
7-11). Deus diz a Moisés que naquela noite ele pa0ssará pelo Egito e ferirá os
primogênitos dos egípcios, mas passará por cima das casas marcadas com o sinal
do sangue do cordeiro (v. 12-13). O cordeiro da Páscoa torna-se um substituto
para Israel, o filho primogênito de Deus (cf. 4.22). Como tal, é um tipo do
Messias vindouro, que também morre como um substituto de seu povo.
Levítico
A relevância messiânica do Levítico pode não parecer
evidente à primeira vista, mas quando lembramos que o Novo Testamento descreve
Cristo como nosso sumo sacerdote (Hb 8-9), e como sacrifício definitivo pelo
pecado (Hb 10), a relevância do Levítico se torna mais evidente.
A santidade requerida do povo de Deus é elaborada no
livro de Levítico, onde as leis a respeito dos sacrifícios e do sacerdócio são
dadas em detalhe. Sacrifícios forneciam um meio para a purificação do povo de
Israel quando cometiam pecado, e os sacerdotes que ofereciam esses sacrifícios
se colocavam como mediadores entre Deus e seu povo. Tanto o sacerdócio quanto
os sacrifícios apontavam para uma realidade maior que viria na pessoa e obra de
Jesus, o Messias.
Números 24
Uma das mais intrigantes profecias messiânicas é
encontrada em Números 22-24, na história de Balaão. A esta altura da história,
Israel está acampado nas planícies de Moabe e Balaque, rei de Moabe, está
tomado de medo (22.1-4). Como resultado, ele convoca Balaão, um profeta pagão
da Mesopotâmia, para amaldiçoar os israelitas (v. 5-8). Deus, porém, não
permite que Balaão amaldiçoe Israel, mas ordena-lhe que ao invés disso abençoe
Israel. Nos capítulos 23-24, para desgosto de Balaque, Balaão profere quatro
oráculos de bênção sobre Israel. O quarto oráculo é particularmente notável.
Balaão prevê a vinda de um rei; mas essa vinda não será imediata: “Vê-lo-ei,
mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto” (24.17).
O rei vindouro é descrito como uma estrela que procede de
Jacó e um cetro que sobe de Israel (v. 17; cf. Gn 49.10). Esse rei derrotará
completamente seus inimigos (v. 18). Essa profecia encontraria seu cumprimento
inicial no reinado de Davi, mas seu cumprimento final aguardaria a vinda do
Messias.
Deuteronômio 18
O estabelecimento do ofício profético é o assunto de
Deuteronômio 18.15-22. Depois de proibir determinados caminhos para tentar
conhecer a vontade de Deus (v. 9-14), Moisés passa a explicar a natureza da
profecia, o meio legítimo pelo qual Deus iria comunicar a sua palavra a seu
povo (v. 15-22). Ele declara ao povo: “O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta
do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás” (v. 15). Aqui,
Deus provê a continuação do ofício profético após a morte de Moisés.
É importante lembrar, no entanto, que Moisés foi único
entre os profetas, enquanto ministro da aliança de Deus (Nm 12.6-8; Dt
34.10–12). Como veremos, a mensagem dos profetas posteriores estava
fundamentada na aliança mediada por Moisés. Jeffrey Niehaus explica:
“O ministério profético era de dois tipos: o profeta como
mediador da aliança (apenas Moisés); e o profeta como mensageiro de ações
judiciais pactuais (profetas posteriores). Deus havia levantado o profeta
Moisés para mediar a sua aliança com Israel; levantaria também outros profetas
para levarem processos judiciais pactuais, isso é, para chamar o povo à
obediência à aliança, ou para anunciar punições pactuais decorrentes de sua
desobediência”.
A promessa que Deus levantaria outro profeta como Moisés
foi posteriormente entendida pelos israelitas com uma profecia messiânica (Jo
1.21,45; 6.14; 7.40). Em última análise, essa promessa profética aponta para
Jesus, o único mediador da nova aliança (cf. At 3.20-22).
Conclusão
Este breve exame de determinados textos messiânicos no
Pentateuco não pretende, de forma alguma, ser definitivo. Jesus indica que a
totalidade do Antigo Testamento se refere a ele (Lucas 24.27). Nós apenas
arranhamos a superfície. Em nosso próximo texto, vamos olhar para várias
profecias e promessas nos livros históricos, nos Salmos e nos Profetas.
O Senhor disse ao meu Senhor:
Assenta-te à minha direita,
Até que eu faça de teus inimigos estrado,
Onde apoie teus pés.
O Senhor de Sião enviará
a vara de seu grande poder,
Em meio a todos os teus inimigos
Tu serás o governador.
a vara de seu grande poder,
Em meio a todos os teus inimigos
Tu serás o governador.
Um povo disposto, em teu dia
De poder virá a ti,
Em santa beleza desde o ventre de manhã;
sua mocidade será como o orvalho.
De poder virá a ti,
Em santa beleza desde o ventre de manhã;
sua mocidade será como o orvalho.
O próprio Senhor fez um juramento,
e dele nunca se arrependerá,
Da ordem de Melquisedeque
Tu és sacerdote para sempre.
e dele nunca se arrependerá,
Da ordem de Melquisedeque
Tu és sacerdote para sempre.
O glorioso e poderoso Senhor,
que senta à tua mão direita,
Irá, em seu dia de ira, ferir
os reis que lhe resistirem.
que senta à tua mão direita,
Irá, em seu dia de ira, ferir
os reis que lhe resistirem.
Ele julgará entre os pagãos,
ele irá de cadáveres
lugares encher: sobre muitas terras
ele ferirá muitas cabeças.
ele irá de cadáveres
lugares encher: sobre muitas terras
ele ferirá muitas cabeças.
O riacho que corre no caminho
com bebida o suprirá;
E, por esta causa, em triunfo,
sua cabeça ele levantará.
com bebida o suprirá;
E, por esta causa, em triunfo,
sua cabeça ele levantará.
Graça e paz, e ate a próxima.
Autor: Keith Mathison
Tradução: João Paulo Aragão da Guia Oliveira
Revisão: Vinícius Musselman
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