Cristãos não praticantes é possível?

Há possibilidade de você ser um cristão não praticante, veja como?

Sera que você é um sem igreja?

Pode ser que seja um desigrejado?

Se você já frequentou uma igreja e hoje da as seguintes desculpas:

Não acredito no homem...
Já me decepcionei muito na igreja ou com pessoas...
Tenho Deus no meu coração...
Jesus é o meu salvador, não preciso de igreja...
A igreja só quer saber de R$ Dinheiros...
Só existe pastor safado ou ladrão...
A igreja não é o templo, a igreja sou eu e Deus...
Não preciso de igreja apenas de um particular com Deus...
Só estou dando um tempo para pensar na minha vida...
Passando por prova, mas eu volto...
Eu conheço a palavra sim...
Meu Pai é da igreja, ou mãe...
Sou melhor que muito crente que tem dentro da igreja...
Não se firma em uma igreja...
Não tem um responsável, um lider ou um Pastor...

Entre outras desculpas que você usa para não ir, frequentar ou se filiar a igreja, sim você é um criatão nao praticante e desigrejado, mas qual seria o significado.

São aquelas, pessoas que se dizem cristão e não frequentam uma igreja fixa, ou até mesmo uma denominação, vai quando quer, em qual denominação quer, não quer responsabilidades ou até mesmo não quer compromisso ou autoridade de algum Pastor. Infelizmente o deixar de congregar não é apenas culpa de um Pastor especifico ou de alguém que confrontou ou afrontou a sua vida, está também na falta de compromisso com Deus, é claro que existem pessoas falhas, onde? Em todos os lugares, em todas as igrejas, em todas as empresas, em todas famílias, em todo ciclo de amizade, por onde você for sempre vai existir pessoas falhas, eu sou falho, você leitor também é em algum ponto e em alguma área.
Se temos ciência que somos falhos e que existem pessoas mesmo boas de coração e com ótimas intensões também falhas, o que te afasta de fato da igreja, ou o que leva você ser um Cristão não praticante e desigrejado?

Antigamente e até os dias de hoje, sempre vemos católicos dizendo, “sou católico não praticante” o que significa que ele é desta religião mas não vai a igreja, não segue os princípios básicos do catolicismo. Nos dias de hoje temos “crentes”, não afastados, mas porem não praticantes e desigrejados como isso?

O “crente” que é cristão não praticante e desigrejado, ele “não peca”, ele não se firma, vai na igreja quando dá ou quando quer, até oferta quando vai, mas não dizima, pois não tem compromisso com uma igreja. É o “crente” que é não praticante e desigrejado.

E existe um movimento que não frequentam a igreja, pois não quer também saber mais de pessoas também e isto eu até respeito, mas sempre fazendo um movimento “paralelo”, seja pelas mídias, seja por encontros, só não tem templo, só não quer saber de uma “responsabilidade direta”, mas se encontram, para estudos, debates, sejam por internet, sejam pessoalmente, e insistem em dar créditos para essas pessoas que querem ficar fora de uma igreja ou denominação e também não querem responsabilidades com o homem.

Existem um movimento dizendo que a igreja só quer dinheiro e extorquir, mas em seus estudos particulares só querem $$, quem não sabe que o excesso de curtidas, e visitações na internet também da $$, ou seja, qual a diferença dessas pessoas que vendem e não querem igrejas, mas ganham muito $$ com livros, estudos, e até mesmo aulas, etc. E olha que suas aulas, ou seus estudos, ou até mesmo seus livros são caríssimos. Se fossem tão libertos assim, por que não dão aulas gratuitas, porque não fazem estudos gratuitos, por que não fazem seus livros e dão para as pessoas gratuitamente.

Vejam que as pessoas que criticam citam e falam que no antigo testamento não existia igreja, não existia templo, mas se falam que estão a quem do antigo testamento, porque não vivem 100% a lei, porque não vão e se firmam logo ao judaísmo e deixam o cristianismo de lado. Mas não foi feito nenhum templo no antigo testamento mesmo?

E no novo testamento, que dizem e incitam que Jesus não pregava em igrejas, ou templos? Mas e as cartas para as 7 igrejas, não eram para templos da época e futuros templos, lugares onde as pessoas adoravam e se encontravam. Certas pessoas que incitam este movimento da debandagem das igrejas; Procurem saber mais deles, vão saber que foram um fiasco com pessoas e com autoridades, sabem que existiam sempre um ou outro que confrontavam e disseram ao abrir mão de religião, templos, igrejas e denominações, não queriam mais saber de pessoas, ou seja, não sabiam tratar ovelhas, não queriam saber de vidas, e hoje estão em grupos abertos e até secretos que são totalmente individualistas, querendo que as pessoas sejam iguais, divulgando um movimento de saídas das igrejas, e infelizmente existem muita gente igual que não quer responsabilidade com pessoas ou com quaisquer vidas, são deuses deles mesmos, não aceitam autoridades sobre ele, adequando a bíblia e o evangelho para seu modo de vida, se escondendo atrás de Jesus e de Deus. Fala sério, se você quer ficar sozinho, não incentivem as pessoas serem frustradas iguais a vocês.

Apesar de tantas perseguições entre os próprios “cristãos”, divisões e muitas heresias destruidoras e do grande progresso tecnológico e científico, a igreja de Cristo continua viva e forte no mundo de hoje. A verdade é que milhões de pessoas estão se convertendo a Cristo anualmente em todo o mundo, especialmente no Brasil, e infelizmente grande parte desta conversão fica "vagando" por ai até se perder. Apesar disso, as lutas externas e internas da igreja são inúmeras. Dentre os diversos problemas que afligem a igreja de hoje destaca-se a onda do “cristianismo sem igreja”.


Na realidade, algumas das tendências contemporâneas da sociedade atual têm contribuído para a elaboração de um “cristianismo diferente”, isto é, um cristianismo de massa, despersonalizado e individualista. Essa nova tendência tem contribuído para produzir um cristianismo sem igreja. Vamos analisar algumas das características desse desequilíbrio por Luiz Sayão e concordo com ele:

Rejeição da cruz. Há uma certa tendência de estabelecer a oposição entre a pessoa de Deus e o sofrimento. Todo sofrimento e sacrifício pessoal é rejeitado por muita gente que se diz cristã, criticada e não aceita. Em grande parte do mundo “evangélico” existe uma “busca frenética de felicidade imediata” e esse imediatismo frustra muita gente. Como dizem alguns: “Quem tem Jesus não sofre mais”. Por essa razão, muitos fogem da igreja, pois querem evitar sofrimento. O desafio da comunhão com o próximo implica em sofrimento!

Espiritualidade individualista. Grande parte da espiritualidade de hoje é voltada principalmente para as experiências individuais e emocionais. Para muitos a intensidade da experiência espiritual individual prova que a ação de Deus foi mais poderosa. Perdoar o outro, aumentar o salário da empregada, ser um cidadão politicamente responsável não são vistos como marcas espiritualidade; por outro lado, sentir arrepios na coluna, paz no coração, gritar no louvor, desmaiar de tanto poder, falar em línguas, mostrar-se mais espiritual, ou mais cheios que os outros etc., são sinais de grande espiritualidade. Essa visão narcisista vê o irmão em Cristo como alguém que pode “atrapalhar” a “espiritualidade profunda e individual”, pois Deus só é encontrado na individualidade e na experiência sensorial intensa.

Rejeição de autoridade. Há gente que não quer fazer parte da igreja, por não aceitar submeter-se a nenhuma autoridade, ser submisso, receber ordens. Muitas são as pessoas que não querem prestar contas da vida a ninguém, dizendo que ninguém paga minhas contas. Só procuram alguém que aceite sua maneira de pensar, esses citados acima, que andam nesses movimentos paralelos à internet, grupos fechados e encontros. São pessoas muito críticas, que só não criticam a si mesmas. Sentem-se donas da verdade e de sua própria verdade, sendo escravos de seus próprios interesses pessoais, confrontando todos agora.

Consumismo da Fé. Muitos hoje vêm a igreja, e o próprio evangelho, como uma mercadoria a ser consumida, infelizmente uns fazem a igreja um mercadão, ou um leilão com vidas, e isso as próprias ovelhas que não gostam de estudar, aceitem isso. Não têm compromisso e procuram igrejas como um cliente. Em alguns casos, há aqueles que costumam frequentar diversas igrejas. Numa “consomem” a boa mensagem do culto. Noutra “compram” o louvor mais “animado”, e ainda numa terceira “desfrutam” da escola bíblica para adquirir mais informações, até mesmo aqueles nos dias de hoje que “tudo pode”. Tais pessoas não se vêm como servos que devem doar-se para o Reino. Querem apenas ser agradadas e nunca confrontadas. Não enxergam o conceito de corpo, de coletividade; não podem ver que a obra de Deus é sustentada pelo esforço de todos e criticam os que se matam, e hoje “desafiam” pelo seu modo de vida.

Além de tudo isso acima de tudo o que mais leva o “cristão” a não ser “praticante” ou sem igreja.

Em concordância com Augusto Nicodemos resta pouca dúvida de que a igreja institucional e organizada está hoje no centro de acirradas discussões em praticamente todos os quartéis da cristandade, e mesmo fora dela. O surgimento de milhares de denominações evangélicas, o fechamento constate de muitas denominações, o poderio apostólico de igrejas neopentecostais e dominação, a institucionalização e secularização das denominações históricas as mais “tradicionais”, a profissionalização do ministério pastoral, pastor como profissional, a busca de diplomas teológicos reconhecidos pelo estado, a maioria EAD, a variedade infindável de métodos de crescimento de igrejas, de sucesso pastoral, dos insucesso, os escândalos ocorridos nas igrejas e explorado pela mídia não cristã, a falta de crescimento das igrejas tradicionais, o fracasso das igrejas emergentes – tudo isto tem levado muitos a se desencantarem com a igreja institucional e organizada e com isso, esse movimento detona e generaliza tudo.

Alguns simplesmente abandonaram a igreja e a fé. Mas, outros, querem abandonar apenas a igreja e manter a fé, isso é possível? Querem ser cristãos, mas sem a igreja. Muitos destes estão apenas decepcionados com a igreja institucional, com homens que realmente pisaram na bola, e tentam continuar a ser cristãos sem pertencer ou frequentar nenhuma, pois não querem sofrer mais uma vez. Todavia, existem aqueles que, além de não mais frequentarem a igreja, tomaram esta bandeira e passaram a defender abertamente o fracasso total da igreja organizada (como já citado), a necessidade de um cristianismo sem igreja e a necessidade de sairmos da igreja para podermos encontrar Deus. Estas ideias vêm sendo veiculadas através de livros, palestras, encontros abertos ou secretos e da mídia. Viraram um movimento que cresce a cada dia e quer saber esses são mais desigrejados do que qualquer outro.

Muitos livros recentes têm defendido a desigrejação do cristianismo (*). Em linhas gerais, os sem igrejas defendem os seguintes pontos em seus encontros na internet e bate papo de estudos veja abaixo:

1) Cristo não deixou qualquer forma de igreja organizada e institucional.

2) Já nos primeiros séculos os cristãos se afastaram dos ensinos de Jesus, organizando-se como uma instituição, a Igreja, criando estruturas, templos, inventando ofícios para substituir os carismas, elaborando hierarquias para proteger e defender a própria instituição, e de tal maneira se organizaram que acabaram deixando Deus de fora. Com a influência da filosofia grega na teologia e a oficialização do cristianismo por Constantino, a igreja corrompeu-se completamente.

3) Apesar da Reforma ter se levantado contra esta corrupção, os protestantes e evangélicos acabaram caindo nos mesmíssimos erros, ao criarem denominações organizadas, sistemas interligados de hierarquia e processos de manutenção do sistema, como a disciplina e a exclusão dos dissidentes, e ao elaborarem confissões de fé, catecismos e declarações de fé, que engessaram a mensagem de Jesus e impediram o livre pensamento teológico.

4) A igreja verdadeira não tem templos, cultos regulares aos domingos, tesouraria, hierarquia, ofícios, ofertas, dízimos, clero oficial, confissões de fé, rol de membros, propriedades, escolas, seminários.

5) De acordo com Jesus, onde estiverem dois ou três que creem nele, ali está a igreja, pois Cristo está com eles, conforme prometeu em Mateus 18. Assim, se dois ou três amigos cristãos se encontrarem no “Frans Café” numa sexta à noite para falar sobre as lições espirituais do filme O Livro de Eli, Paixão de Cristo, Noé por exemplo, ali é a igreja, não sendo necessário absolutamente mais nada do tipo ir à igreja no domingo ou pertencer a uma igreja organizada.

6) A igreja, como organização humana, tem falhado e caído em muitos erros, pecados e escândalos, e prestado um desserviço ao Evangelho, sujando o nome de Deus e de Jesus. Precisamos sair dela para podermos encontrar a Deus.

Eu concordo com vários dos pontos defendidos pelos desigrejados ou “cristãos não praticantes”. Infelizmente, eles estão certos quanto ao fato de que muitos evangélicos confundem a igreja organizada com a igreja de Cristo e têm lutado com unhas e dentes para defender sua denominação e sua igreja, mesmo quando estas não representam genuinamente os valores da Igreja de Cristo. Concordo também que a igreja de Cristo não precisa de mega templos construídos e nem de todo o aparato necessário para sua manutenção, muito menos de super templos, réplicas etc. Ela, na verdade, subsistiu de forma vigorosa nos quatro primeiros séculos se reunindo em casas, cavernas, vales, campos, e até cemitérios, onde não eram encontrados. Os templos cristãos só foram erigidos após a oficialização do Cristianismo por Constantino, no séc. IV.

Os desigrejados ou “cristão não praticantes”, estão certos ao criticar os sistemas de defesa criados para perpetuar as estruturas e a hierarquia das igrejas organizadas, esquecendo-se das pessoas e dando prioridade à organização e isso eu concordo. Concordo com eles que não podemos identificar a igreja com cultos organizados, programações sem fim durante a semana, cargos e funções como superintendente de Escola Dominical, organizações internas como uniões de moços, adolescentes, senhoras e homens, e métodos como células, encontros de casais e de jovens, e por ai vai. E também estou de acordo com a constatação de que a igreja institucional tem cometido muitos erros no decorrer de sua longa história.

“Mas tudo deve ser feito com decência e ordem”. 1 Coríntios 14:40 – Então, ordem é organização, ou seja, não dá para ser de qualquer jeito como vemos por ai, ou não? Decência significa, respeito ao nome de Jesus, de Deus pai e por sua palavra. Então a organização dentro do templo é necessária.

Dito isto, pergunto se ainda assim está correto abandonarmos a igreja institucional e seguirmos um cristianismo em voo solo. Pergunto ainda se os desigrejados, cristãos não praticantes e sem igrejas não estão jogando fora o bebê junto com a água suja da banheira. Ao final, parece que a revolta deles não é somente contra a institucionalização da igreja, mas contra qualquer coisa que imponha limites ou restrições (ordem e decência) à sua maneira de pensar e de agir. Fico com a impressão que eles querem se livrar da igreja para poderem ser cristãos do jeito que entendem, acreditarem no que quiserem e fazerem o que quiserem – sendo livres pensadores sem conclusões ou convicções definidas – fazerem o que quiserem, para poderem experimentar de tudo na vida sem receio de penalizações e correções. Esse tipo de atitude anti-instituição, antidisciplina, anti-regras, anti-autoridade, antilimites de todo tipo se encaixa perfeitamente na mentalidade secular e revolucionária de nosso tempo, que entra nas igrejas travestida de cristianismo.

É verdade que Jesus não deixou uma igreja institucionalizada aqui neste mundo. Todavia, ele disse algumas coisas sobre a igreja que levaram seus discípulos a se organizarem em comunidades ainda no período apostólico e muito antes de Constantino, veja:

1) Jesus disse aos discípulos que sua igreja seria edificada sobre a declaração de Pedro, que ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16.15-19). A igreja foi fundada sobre esta pedra, que é a verdade sobre a pessoa de Jesus (cf. 1Pd 2.4-8). O que se desviar desta verdade – a divindade e exclusividade da pessoa de Cristo – não é igreja cristã. Não admira que os apóstolos estivessem prontos a rejeitar os livres pensadores de sua época, que queriam dar uma outra interpretação à pessoa e obra de Cristo diferente daquela que eles receberam do próprio Cristo. As igrejas foram instruídas pelos apóstolos a rejeitar os livres pensadores como os gnósticos e judaizantes, e libertinos desobedientes, como os seguidores de Balaão e os nicolaítas (cf. 2Jo 10; Rm 16.17; 1Co 5.11; 2Ts 3.6; 3.14; Tt 3.10; Jd 4; Ap 2.14; 2.6,15). Fica praticamente impossível nos mantermos sobre a rocha, Cristo, e sobre a tradição dos apóstolos registrada nas Escrituras, sem sermos igreja, onde somos ensinados, corrigidos, admoestados, advertidos, confirmados, e onde os que se desviam da verdade apostólica são rejeitados.

2) A declaração de Jesus acima, que a sua igreja se ergue sobre a confissão acerca de sua Pessoa, nos mostra a ligação estreita, orgânica e indissolúvel entre ele e sua igreja. Em outro lugar, ele ilustrou esta relação com a figura da videira e seus galhos (João 15). Esta união foi muito bem compreendida pelos seus discípulos, que a compararam à relação entre a cabeça e o corpo (Ef 1.22-23), a relação marido e mulher (Ef 5.22-33) e entre o edifício e a pedra sobre o qual ele se assenta (1Pd 2.4-8). Os desigrejados e cristãos não praticantes querem Cristo, mas não querem sua igreja. Querem o noivo, mas rejeitam sua noiva. Mas, aquilo que Deus ajuntou, não o separe o homem. Não podemos ter um sem o outro.

3) Jesus instituiu também o que chamamos de processo disciplinar, quando ensinou aos seus discípulos de que maneira deveriam proceder no caso de um irmão que caiu em pecado (Mt 18.15-20). Após repetidas advertências em particular, o irmão faltoso, porém endurecido, deveria ser excluído da “igreja” – pois é, Jesus usou o termo – e não deveria mais ser tratado como parte dela (Mt 18.17). Os apóstolos entenderam isto muito bem, pois encontramos em suas cartas dezenas de advertências às igrejas que eles organizaram para que se afastassem e excluíssem os que não quisessem se arrepender dos seus pecados e que não andassem de acordo com a verdade apostólica. Um bom exemplo disto é a exclusão do “irmão” imoral da igreja de Corinto (1Co 5). Não entendo como isto pode ser feito numa fraternidade informal e livre que se reúne para bebericar café nas sextas à noite e discutir assuntos culturais, onde não existe a consciência de pertencemos a um corpo que se guia conforme as regras estabelecidas por Cristo.

4) Jesus determinou que seus seguidores fizessem discípulos em todo o mundo, e que os batizassem e ensinassem a eles tudo o que ele havia mandado (Mt 28.19-20). Os discípulos entenderam isto muito bem. Eles organizaram os convertidos em igrejas, os quais eram batizados e instruídos no ensino apostólico. Eles estabeleceram líderes espirituais sobre estas igrejas, que eram responsáveis por instruir os convertidos, advertir os faltosos e cuidar dos necessitados (At 6.1-6; At 14.23). Definiram claramente o perfil destes líderes e suas funções, que iam desde o governo espiritual das comunidades até a oração pelos enfermos (1Tm 31-13; Tt 1.5-9; Tg 5.14).

5) Não demorou também para que os cristãos apostólicos elaborassem as primeiras declarações ou confissões de fé que encontramos (cf. Rm 10.9; 1Jo 4.15; At 8.36-37; Fp 2.5-11; etc.), que serviam de base para a catequese e instrução dos novos convertidos, e para examinarem e rejeitarem os falsos mestres. Veja, por exemplo, João usando uma destas declarações para repelir livres pensadores gnósticos das igrejas da Ásia (2Jo 7-10; 1Jo 4.1-3). Ainda no período apostólico já encontramos sinais de que as igrejas haviam se organizado e estruturado, tendo presbíteros, diáconos, mestres e guias, uma ordem de viúvas e ainda presbitérios (1Tm 3.1; 5.17,19; Tt 1.5; Fp 1.1; 1Tm 3.8,12; 1Tm 5.9; 1Tm 4.14). O exemplo mais antigo que temos desta organização é a reunião dos apóstolos e presbíteros em Jerusalém para tratar de um caso de doutrina – a inclusão dos gentios na igreja e as condições para que houvesse comunhão com os judeus convertidos (At 15.1-6). A decisão deste que ficou conhecido como o “concílio de Jerusalém” foi levada para ser obedecida nas demais igrejas (At 16.4), mostrando que havia desde cedo uma rede hierárquica entre as igrejas apostólicas, poucos anos depois de Pentecostes e muitos anos antes de Constantino.

6) Jesus também mandou que seus discípulos se reunissem regularmente para comer o pão e beber o vinho em memória dele (Lc 22.14-20). Os apóstolos seguiram a ordem, e reuniam-se regularmente para celebrar a Ceia (At 2.42; 20.7; 1Co 10.16). Todavia, dada à natureza da Ceia, cedo introduziram normas para a participação nela, como fica evidente no caso da igreja de Corinto (1Co 11.23-34). Não sei direito como os desigrejados e cristãos não praticantes celebram a Ceia, mas deve ser difícil fazer isto sem que estejamos na companhia de irmãos que partilham da mesma fé e que creem a mesma coisa sobre o Senhor.

É curioso que a passagem predileta dos desigrejados e cristãos não praticantes – “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.20) – foi proferida por Jesus no contexto da igreja organizada. Estes dois ou três que ele menciona são os dois ou três que vão tentar ganhar o irmão faltoso e reconduzi-lo à comunhão da igreja (Mt 18.16). Ou seja, são os dois ou três que estão agindo para preservar a pureza da igreja como corpo, e não dois ou três que se separam dos demais e resolvem fazer sua própria igrejinha informal ou seguir carreira solo como cristãos.

O Novo Testamento é claro quando afirma a necessidade da igreja local, expressão concreta da igreja universal. A epístola aos Efésios e as pastorais são textos que falam com profundidade da igreja e devem ser estudadas com muita atenção. Os escritos neo testamentários enfatizam a igreja enquanto reunião dos salvos em Cristo. Juntos adoram a Deus, estudam sua Palavra, edificam-se, proclamam a salvação, desenvolvem seus dons e manifestam o amor ao próximo.

O meu ponto é este: que muito antes do período pós-apostólico, da intrusão da filosofia grega na teologia da Igreja e do decreto de Constantino – os três marcos que segundo os desigrejados e cristãos não praticantes são responsáveis pela corrupção da igreja institucional – a igreja de Cristo já estava organizada, com seus ofícios, hierarquia, sistema disciplinar, funcionamento regular, credos e confissões. A ponto de Paulo se referir a ela como “coluna e baluarte da verdade” (1Tm 3.15) e o autor de Hebreus repreender os que deixavam de se congregar com os demais cristãos (Hb 10.25). O livro de Atos faz diversas menções das “igrejas”, referindo-se a elas como corpos definidos e organizados nas cidades (cf. At 15.41; 16.5; veja também Rm 16.4,16; 1Co 7.17; 11.16; 14.33; 16.1; etc. – a relação é muito grande).

Do ponto de vista de Deus, o cristão sem igreja é um herege. A oração cristã por excelência é o “Pai Nosso” e não o “Pai Meu”. O próprio Jesus enfatizou a importância do grupo (Mt 18.19-20) quando afirmou que está presente entre “dois ou três reunidos em seu nome”. Como é possível perdoar o outro se me isolo? Como posso desenvolver o meu dom espiritual sozinho? Como fazer missões sem a comunidade da fé? Como crescer espiritualmente sem fazer parte de uma igreja? Cristão sem igreja é um absurdo! A verdade é que por trás de uma crítica feroz contra a Igreja escondem-se a avareza, a arrogância, o ódio, a insubmissão, a falta de perdão, o comodismo, a frieza espiritual ou algum pecado oculto.

No final, fico com a impressão que os desigrejados e cristãos não praticantes, na verdade, não são contra a igreja organizada meramente porque desejam uma forma mais pura de Cristianismo, mais próxima da forma original – pois esta forma original já nasceu organizada e estruturada, nos Evangelhos e no restante do Novo Testamento. Acho que eles querem mesmo é liberdade para serem cristãos do jeito deles e isso cabe até para alguns ministérios e líderes modernistas, acreditam no que quiserem e vivem do jeito que acham correto, sem ter que prestar contas a ninguém. Pertencer a uma igreja organizada, especialmente àquelas que historicamente são confessionais e que têm autoridades constituídas, conselhos e concílios, significa submeter nossas ideias e nossa maneira de viver ao crivo do Evangelho, conforme entendido pelo Cristianismo histórico. Para muitos, isto é pedir demais.

Eu não tenho ilusões quanto ao estado atual da igreja, está ruim mesmo. Ela é imperfeita e continuará assim enquanto eu for membro dela. A teologia Reformada não deixa dúvidas quanto ao estado de imperfeição, corrupção, falibilidade e miséria em que a igreja militante se encontra no presente, enquanto aguarda a vinda do Senhor Jesus, ocasião em que se tornará igreja triunfante. Ao mesmo tempo, ensina que não podemos ser cristãos sem ela. Que apesar de tudo, precisamos uns dos outros, precisamos da pregação da Palavra, da disciplina e dos sacramentos, da comunhão de irmãos e dos cultos regulares.

Cristianismo sem igreja é uma outra religião, a religião individualista dos livres pensadores, eternamente em dúvida, incapazes de levar cativos seus pensamentos à obediência de Cristo, pois não são exemplos.

... Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se aproxima o Dia." Hebreus 10:25 (NVI).

Baruch Há Shem

Wesley Zayit - Servo do Eterno


Fontes: 

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